terça-feira, 5 de julho de 2011

potlatch - guerra de presentes

"Tu és chama e eu mariposa, e à ti inclino-me de modo inexorável; por vezes sou libélula e tu és lâmpada, que deixa-me desnorteado. As duas das mais brilhantes estrelas que iluminam o céu desta noite fria – que como companhia deixa-me apenas um conhaque barato – teriam vergonha em reluzir ao lado dos teus olhos. E não duvides se eu disser que tais elogios corariam a face da mais bela dama deste maldito planeta, que nos oferta a roda-viva do baile de máscaras da mercadoria."

---X---

outra vez em alguns dias, suas poucas frases ricas de significado e beleza me retiram por um punhado de segundos de uma noite vazia e sem cor e me colocam no terreno do alumbramento, trazendo-me um momento pequeno e intenso de catarse, tal como sentiria um apreciador europeu de arte do século XV diante de um quadro renascentista.

obrigada. parece até que você sabia que eu estava precisando. mergulhada num tédio típico de estudante pouco disciplinada que tenta alcançar - com a mesma ou maior dignidade do que aqueles que se dizem e se fazem bem-sucedidos - o seu lugar ao sol e possuir um papel na mão chamado diploma para satisfazer essa sociedade triste e troncha que faz até dos improdutivos cientistas sociais uma mercadoria.

o primeiro endereço que vc me mandou (antes do oficial, mas não por isso menos real) me deixou alguns minutos na frente do computador, apreciando a beleza e a exatidão daquelas frases - é incrível como elas fazem parte de vc! mostrei a alguns amigos e contei quem era o autor, de onde vinha, e eles acharam muito bom. está registrado aqui, ao lado do seu endereço oficial - e não mais real.

assim como suas doces e firmes palavras escritas naquela carta depois do carnaval. tão bonita e sincera. não fui capaz de respondê-la, muito porque a objetividade sempre me sobe à cabeça e não conseguiria ser competente à sua altura, ou porque fui um tanto displicente com a causa - o que não me dá orgulho -, ou as duas coisas.

tenho um coração dolorido de moça apaixonável demais que não sabe se cuidar. mas vez ou outra lembro-me de vc, de suas elaborações crítico-niilistas, de seu sotaque cearense terno e ingênuo, de seu carinho por mim. lembro de vc com carinho também, moço humilde, porém um dos meus intelectuais preferidos.

não espere, nunca, por mim, moço. talvez eu tenha procurado os homens menos merecedores do meu amor. o que não empobrece o encantamento que um dia eu criei por vc e que me move, agora, nessa prosa pretensamente poética.

um abraço em vc, meu vagabundo terno, pensador querido. vida longa às suas ideias! nunca sucumba. ponha energia e luz em seu corpo e não se sinta frágil. não se renda à frieza da guerra cinza que acontece lá fora. abra suas janelas e veja o sol colorido que nos dá a chance diária de sorrir.

obrigada por suas palavras românticas.

a Pedro.

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