terça-feira, 28 de julho de 2009

um sonho

acordou às dez, meio de repente, e logo tentou lembrar do sonho que acabara de ter. numa manhã nublada de domingo, o céu branco, estava bonito o dia. sim, era com ele que ela tinha sonhado. havia escrito para ele antes de dormir, deve ter sido isso. sonhou que voltara à sua casa, mas, como em todos os sonhos, a casa não era a mesma. voltara à casa dele, com cabelos curtos e uma mochila nas costas. de fato, ela cortou os cabelos no sábado, mas não ficou muito bom. ele a recebera com sorrisos, um abraço longo, e alguns beijos na superfície dos lábios - só dos lábios. passavam pelo portão e entravam num quarto para ficarem sozinhos e ela logo pôs-se a perguntar "sua mãe vem aqui?" e ele disse "quase nunca". mas ela veio. não sei por quê, mas veio.

depois de muito conversarem, ele passou um momento parado, pensando, meio indiferente a tudo, igual como ele fez naquela noite em que foram assaltados, quando ela passou uma semana em sua casa. ela nunca vai esquecer daquela semana que passaram juntos, sem que suas mães soubessem e que a fez catar seus cabelos espalhados pela casa, antes de partir, para que sua mãe, que tem mania de limpeza, não percebesse que ela esteve ali. e ele sempre monitorando os pratos que eram lavados e os pingos que caíam no chão, ele realmente tinha herdado um pouco de sua mãe. a praia, o picolé redondo de coco, o vinho, as muitas fotos tiradas.


foi muito divertido brincarem como meninos - sim, meninos - pequenos e conversarem como gente grande sobre linguística e sociologia. foi uma paixão bonita, uma grande descoberta do outro lado do mundo, vontade de ficar junto, quem sabe de construir outro mundo juntos. a sensação de chegar na casa de um quase desconhecido e colocar suas malas no canto da parede era meio estranha. o que diabos estava fazendo ali? estava se arriscando demais. arriscou-se a amar. foi por isso que derrubou seu violão no chão quando chegou, estava meio atrapalhada, meio nervosa. e amou.


amou por uns dias, o que foi suficiente para ficar por um tempo depois que partiu, mas que sobreviveu até os limites do tempo e do espaço. a lembrança ficou, a saudade, a vontade de voltar um dia, como aconteceu no sonho.

para Vinicius.